Custa-me crer que eu morra. Pois estou borbulhante numa frescura frígida. Minha vida vai ser longuíssima porque cada instante é. A impressão é que estou por nascer e não consigo.
Você que me lê que me ajude a nascer.
Clarice Lispector
Tá tudo morno aqui dentro, tudo pacato, compacto, aquiescendo. Tudo quieto, mudo, claro...uma meia luz. Alegria que se faz por não ser tristeza. uma paz morna, um meio-sol que ainda não se pôs, uma meia lua que ainda não surgiu...um entardecer prolongado. Tudo em banho maria. Um fogo brando, faiscado, um não ser meia noite e nem meio dia, tudo meio termo...tudo calmaria. Um aconchegar de paz....um estar subfebril.
Água de banho, líquido amniótico, chá de camomila, leite materno, chocolate derretendo, sopa de letrinhas...
...Erikah Azzevedo...
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"Um dia, porém, sentia seu corpo aberto e fino, e no fundo uma serenidade que não se podia conter, ora se desconhecendo, ora respirando trêmula de alegria, as coisas incompletas. Ela mesma insone como luz — esgazeada, fugaz, vazia, mas no íntimo um ardor que era vontade de guiar-se a uma só coisa, um interesse que fazia o coração acelerar-se sem ritmo... de súbito, como era vago viver. Tudo isso também poderia passar, a noite caindo repentinamente, a escuridão fresca sobre o dia morno."
Clarice Lispector
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Aspirou ar morno e claro da tarde, e o que nela pedia água restava tenso e rígido como quem espera de olhos vedados pelo tiro.
A noite veio e ela continuou a respirar no mesmo ritmo estéril. Mas quando a madrugada clareou o quarto docemente, as coisas saíram frescas das sombras, ela sentiu a nova manhã insinuando-se entre os lençois e abriu os olhos. Sentou-se sobre a cama. Dentro de si era como se não houvesse a morte, como se o amor pudesse fundi-la, como se a eternidade fosse a renovação.
[Andreia, em a menina dos olhos de agua]
A espera de uma brasa que se transmute em fogueira
De dias que de tão quentes evaporem.
A espera de um fogo que me queime,
de um campo de trigo onde se colha e se coma ... o pão …
…Erikah Azzevedo…
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Queimará o monte, o filho, a lenha.A morte, as areias, a viagem... O deserto, a túnica, as estrelas
Nunca será bastante o incêndio.
(Daniel Faria)
E ela assim,
ResponderExcluirequilibrista louca,
querendo cair
do lado menos igual,
em cima da linha bamba
que desa[corda]
do não letal...
Ela, intensa e atrevida
esperava acender a vida
numa temperatura inatural
Água em brasa
vida consumida
nunca dosada
em fome branda
Porque teu texto é magnífico enquanto construção que anseia a desestrutura do que é ameno.
Beijos.
Katyuscia.