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sábado, 7 de novembro de 2009

Color[indo]…

“(…) A alegria crescia, expandindo-se em muitas direções, tomando conta das mãos, dos olhos, já transcendia o pensamento para se apossar do corpo inteiro.(…)"

Caio Fernando Abreu.

céu sentir.jpeg

Só se veste de azul quem deixa o céu entrar bem dentro , inspira brisa e expira sol....

E hoje estou assim, pisando em nuvens...

…Erikah Azzevedo…

céu2

"(...)azul, azul, inteiramente azul, azul clarinho, quase transparente, azul de água clara com pedrinhas no fundo(...)"

(Caio Fernando Abreu)

"(...)e o essencial eram as coisas que coloriam minha vida(…)”

(Caio Fernando Abreu)

.

"Acontecem coisas estranhas quando estou num espaço muito amplo. Uma vontade de voar, parece que bastaria abrir os braços para fundir-me com o céu. Ao mesmo tempo, dá vontade também de ficar na terra, e viver, viver muito, com todas as miudezas do cotidiano. Impressão de ser maior que tudo, sensação de força, certeza de vitória, vitória tão certa e fácil como a coisas da natureza que se mostram ali. E também uma grande humildade, consciência de ser ínfimo em relação ao azul-azul do céu, ao azul-em-cor do rio. Procuro palavra para definir o que sinto e não encontro. Talvez elas nem sequer existam, talvez seja apenas um fluxo mais forte de vida abrindo os sentidos, embrutecendo o raciocínio".

(Caio Fernando Abreu)

Um comentário:

  1. Lindo teu vestido de céu!

    Também sopro-te um texto que esvoace até a tua nuvem clara, daqui de baixo, dos meus dias (que adoro) nublados:

    Como uma menina de giz cor-de-rosa num muro muito velho subitamente esbatido pela chuva. Como quando se abre uma flor e se revela o coração que não tem. Todos os gestos do meu corpo e voz para fazer de mim a oferenda, o ramo que o vento abandona no umbral. Cobre a memória da tua cara com a máscara daquela que serás e afugenta a menina que foste. A nossa noite dispersou-se com a neblina. É a estação dos alimentos fritos. E a sede, a minha memória é de sede, eu em baixo, no fundo, no poço, bebia, recordo. Cair como um animal ferido no lugar de hipotéticas revelações. Como quem não quer a coisa. Nenhuma coisa. Boca cosida. Pálpebras cosidas. Esqueci-me. Dentro o vento. Tudo fechado e o vento dentro. Sob o negro sol do silêncio douravam-se as palavras. Mas o silêncio é certo. Por isso escrevo. Não, não estou só. Há alguém aqui que treme. Ainda que diga sol e lua e estrelas refiro-me a coisas que me acontecem. E o que desejava eu? Desejava um silêncio perfeito. Por isso falo. A noite parece um grito de lobo. Delícia de perder-se na imagem pressentida. Levantei-me do meu cadáver, fui à procura de quem sou. Peregrina, avancei em direcção àquela que dorme num país ao vento. A minha queda sem fim na minha queda sem fim onde ninguém me esperava pois, ao descobrir quem me esperava, outra não vi senão a mim mesma. Algo cai no silêncio. A minha palavra foi eu embora me referisse à aurora luminosa. Flores amarelas constelam um círculo de terra AZUL. A água treme cheia de vento. Deslumbramento do dia, pássaros na manhã. Uma mão desata as trevas, arrasta a cabeleira da afogada que não cessa de passar pelo espelho. Volto à memória do corpo, hei-de compreender o que a minha voz diz.

    Alejandra Pizarnik

    Beijos in blue!

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