Numa mesma estrada...caminhares!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Suor em letras...



O que dizem meu meus dedos nos dias em que transpiro literatura? Hoje sou um punhado de dúbias palavras, é tanto sentir que sinto-me confusa! Preciso me ler mais vezes , deixar-me escrever...sentir-me lida! Preciso aprender a ler-me mais.


...Erikah Azzevedo...

.
Sou homem: duro pouco
e é enorme a noite.
Mas olho para cima:
as estrelas escrevem.
Sem entender compreendo:
Também sou escritura
e neste mesmo instante
alguém me soletra.
.
Octavio Paz

Um comentário:

  1. Pensava que escrevia por timidez, por não saber falar, pelas dificuldades de encarar a verdade enquanto ardia, arvorava, arfava. Há muitos que ainda acreditam que começaram a escrever pela covardia de abrir a boca. Nas cartas de amor, por exemplo, eu me declarava para quem gostava pelo papel, e não pela pele, ainda que o caderno seja pele de um figo. O figo, assim como a literatura, é descascado com as unhas, dispensando facas e canivetes. Não sei descascar laranjas e olhos com as unhas, e sim com os dentes. Com as mãos, sei descascar a boca do figo e o figo da boca, mais nada. Acreditei mesmo que escrever era uma fuga, pedra ignorada, silêncio espalhado, um subterfúgio, que não estava assumindo uma atitude e buscava me esconder, me retrair, me diminuir. Mas não. Escrever é queimar o papel de qualquer forma. Desde o princípio, foi a maior coragem, nunca uma desistência, nunca um recuo, e sim avanço e aceitação. Deixar de falar de si para falar como se fosse o outro. Deixar a solidão da voz para fazer letra acompanhada, emendada, uma dependendo da próxima garfada para alongar a respiração. Baixa-se o rosto para levantar o verbo. É necessário mais coragem para escrever do que falar, porque a escrita não depende só de ti. Nasce no momento em que será lida.

    Fabrício Carpinejar

    Lindo é que eles não só escrevem, mas são também olhos para ler quando precisamos de braille por ter os olhos enlamaçados.

    O que leem? O que escrevem eles? Depende da direção do sol, da marélua... depende do lado para qual o sangue a[ponta] dos dedos o poente.

    Beijos.

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