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...Erikah Azzevedo...
Abul-Abbas Al-Bashani
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solidão.... testemunhar o nascer do sol depois de um longo anoitecer bem dentro e então agradecer por saber-se amanhecer...andar descalça na areia das memorias sem sentir o pé afundar, mergulhar de cabeça no mar de sentimentos, afogar-se até sentir-se liquefeita, jamais aprisionar um sentimento, deixar correr solto como um rio e seus afluente, atravessar corredeiras e descer cachoeiras abaixo com o que se sente.... criar a borboletas no ventre, alimentar, deixar crescer .... se entregar a paixão....sentir-se levitar...ser do ar...voar....libertar....sonhar...amar, amar e amar!
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Nos meus dedos as palavras são meninas ... atrevidas, traquinas, serpenteiam, ousam, pulam, e ao pular se soltam no papel a brincar... fazem cantiga de roda, brigam de picula, correm lindas e faceiras, fazem de tudo pra em liberdade ficar... são femininas, perigosas, vivem de urgências..são intensas... têm pressa...sede...fome de amar ! só se aquietam quando se sente rente a frente de outro olhar...do teu olhar!
.Que me arranhem, me puxem o cabelo, tirem de mim o sangue, as viceras, o ar.. que me doa muito, que eu morra a cada segundo... não me importo...não quero é viver sobre permanente estado de anestesia. Que venham as explosões, as altas temperaturas...todo o fogo em mim . ardente, vibrante, excruciante até... não tenho medo de me queimar.. o que não quero é mornamente viver.

O dia amanheceu, ela acordou, mas era mais que um acordar parecia um dispertar, um dispertar-se e a si mesma, dos sentidos....era como se no seu corpo flores em petalas se abrissem, era rosa vermelha pluriaberta, singular...exposto o polén, o mel...era doce...ela, a menina , brincava com suas reintrancias e entradas, dedilhava-as ,molhava-as com maestria...vibrou, gemeu, estremeceu, se tocou...gozou....tua pele toda pedia, mãos, seios, coxas, abdomem ... tinha ela mais que um nome, tinha ela agora sabor...entorpecida...sentia-se empregnada...eis que no seu corpo não sentia mais nada, apenas o cheiro do amor.
Adoro quando ele sorri pra mim...é um sorriso imã que magnetiza-me toda...seus sorrisos braços dados com os olhos safados passeam visitam todos os cantos de mim. Cada sorriso dele me tira de órbita. Uma visita a marte de ida, sem volta. Um sorriso passaro, um beija flor, um colibrir . Juntos sentimo-nos voar ...cada um uma asa , aladas, nós dois...um par! Se o amor pesa o que eu sinto por ele me deixa mais leve que o ar....e são quiilos e mais quiilos de sorrisos dele que guardo em mim . Se um só deles, ele precisar , é so ele me pedir! Sou capaz das brincadeiras mais bobas , dos jeitos mais travessos só pelo prazer de vê-lo sorrir....Os sorrisos deles enchem meu dias de vida , segredam-me coisas e carregam beijos que me beijam a boca. os beijos são sempre molhados , tenros, suaves, os lábios volumosos., macios....quando ele sorri teus labios entreabem-se pra mim, me provocam, me chamam....
Seus sorrisos são chagais...seus beijos pedem mais...falta de decoro e de juizo, tantos sentires...levam-me ao paraiso e devolvem-me a paz.
…e é preciso escrever como quem planta.
Erikah Azzevedo
Agricultora de palavras, colho a ansia de ver florescer poemas....
Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você!
Autor da musica: Fernando Anitelli
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Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.
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(Clarice Lispector)
...Erikah Azzevedo...
Não quero mais falar de lua, não; não há sentido, tudo tão batido e tão igual. Mesmo se redonda excepcional em noite fria, quero não. Mas há algo na palavra lua que é tão lindo. Lu-a. Delícia de dizer, lu-a. A língua passeia, gruda no céu. Inevitável repetir lu-a. Lu-a. Feito um caramelo na boca. E se eu chamar Sofia pra ver lua, haverá vento. Sofia venta por dentro. A gente dis so-fi-a e o vento sai da boca. Palavras que ventam são raras. Ainda mais raras as que grudam no céu e são bonitas. Não quero mais falar de lua, não. Quero só ficar dizendo lu-a lu-a lu-a prolongando o u pra não desgrudar tão cedo. No Japão, a mesma lua é tsuki. Tsuki não gruda na boca. Dizer lua é um poema.
(Desconheço a autoria)