Agu[ardente] em mim!

Era líquida a menina, transparente, fluída e vital....liquefazia –se por vocação. (Agua)rdava com ansiedade os dias de chuva, não se continha, olhava pro céu e pedia... que não seja passageira...que não seja passageira....queria sair pra rua e se molhar inteira...

...é que matava a sede de vida aos goles de tempestades.

...Erikah Azzevedo...

Um pingo d’água que hoje é de chuva , ontem foi de um lago, de um rio ou de um mar... Admiro na água, o carregar-se, em si mesma, o poder de transmutar , o saber-se perder, o deixar-se perder , pra depois se achar...

Erikah Azzevedo

Quando vem a chuva me sinto mais leve, mais solta, mais limpa... mais fluida...a chuva lava e leva tudo de sólido, porque sólidas parecem ser as tristezas e as dores.. fortes, agregadas e compactadas. E a chuva vem, tão fragil . tão agua … e limpa, lava e leva tudo embora com ela...será que a chuva é liquida porque o céu se derrete pra também nos fazer entender que é preciso em nós aprender a liquefazer o sentimento? Ver o sentimento pouco a pouco derreter...

Será que a s lagrimas são gotas de chuva quando chove-nos dentro?

…Erikah Azzevedo…

Sentir os sentidos da chuva
Como a deixá-la chover em nós
Ouvir seu ritmo-barulho
Como sinfonia de pingos que bailam
Ter a visão da chuva
Em lágrimas doces dos olhos do céu
Inalar o cheiro da chuva
E a essência da terra molhada
Como dá gosto
Sentir o gosto da chuva
O tato da chuva
Dedilhando-nos a pele
E af(o)gando-nos o cabelo

Katyuscia Carvalho