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...Erikah Azzevedo...
Abul-Abbas Al-Bashani
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Nos meus dedos as palavras são meninas ... atrevidas, traquinas, serpenteiam, ousam, pulam, e ao pular se soltam no papel a brincar... fazem cantiga de roda, brigam de picula, correm lindas e faceiras, fazem de tudo pra em liberdade ficar... são femininas, perigosas, vivem de urgências..são intensas... têm pressa...sede...fome de amar ! só se aquietam quando se sente rente a frente de outro olhar...do teu olhar!
…e é preciso escrever como quem planta.
Erikah Azzevedo
Agricultora de palavras, colho a ansia de ver florescer poemas....
Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você!
Autor da musica: Fernando Anitelli
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Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida.
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(Clarice Lispector)
...Erikah Azzevedo...
Não quero mais falar de lua, não; não há sentido, tudo tão batido e tão igual. Mesmo se redonda excepcional em noite fria, quero não. Mas há algo na palavra lua que é tão lindo. Lu-a. Delícia de dizer, lu-a. A língua passeia, gruda no céu. Inevitável repetir lu-a. Lu-a. Feito um caramelo na boca. E se eu chamar Sofia pra ver lua, haverá vento. Sofia venta por dentro. A gente dis so-fi-a e o vento sai da boca. Palavras que ventam são raras. Ainda mais raras as que grudam no céu e são bonitas. Não quero mais falar de lua, não. Quero só ficar dizendo lu-a lu-a lu-a prolongando o u pra não desgrudar tão cedo. No Japão, a mesma lua é tsuki. Tsuki não gruda na boca. Dizer lua é um poema.
(Desconheço a autoria)